Quando o TOC mexe com a forma como me enxergo
- Luciana Rocha

- 5 de nov.
- 3 min de leitura

O TOC não é só “gostar de tudo organizado”. Muitas vezes ele aparece como pensamentos intrusivos, imagens ou dúvidas que geram ansiedade intensa. Para aliviar, a mente cria rituais e checagens. Com o tempo, esses rituais tomam espaço e começam a distorcer a forma como você se vê. É aqui que a autoestima e a identidade ficam abaladas.
Como o TOC pode afetar a autoimagem
Pensamentos intrusivos que viram rótulos
Aparece um pensamento indesejado e assustador e a mente diz “se eu pensei, então eu sou isso”. Esse atalho não é verdadeiro. Pensamentos não são intenções nem definem caráter.
Confusão entre pensamento e ação
A ideia de que “pensar algo é quase o mesmo que fazer” aumenta culpa, vergonha e medo. Isso empurra você para rituais de neutralização e para se afastar de quem ama, por medo de “ser perigosa”.
Checagem de sentimentos
Ficar testando o que sente para provar quem você é: “eu amo mesmo meu parceiro”, “eu sou boa pessoa”, “eu sou hetero”, “eu sou de fé suficiente”. Quanto mais checa, mais dúvida surge. A certeza vira prisioneira do TOC.
Hipervigilância moral
Medo extremo de errar, de ofender alguém, de pecar. A régua fica impossível e qualquer deslize vira prova de “sou uma fraude”.
Espelho interno distorcido
Você passa a se julgar pelo que teme, não pelo que faz. Esquece seus valores e atitudes reais e se define pela ansiedade do momento.
Sinais de que o TOC está “pegando” sua identidade
• Evita situações ou pessoas por medo do que pode pensar.• Procura garantias o tempo todo com amigos, família, internet ou líderes religiosos.• Gasta muito tempo “revisando mentalmente” o dia para ter certeza de que não fez nada errado.• Sente vergonha de pensamentos que não escolheu e que não combinam com seus valores.• Perdeu a alegria em atividades importantes porque tudo virou teste de “quem eu sou”.
O que ajuda na prática
Dar nome ao TOC
Em vez de “eu sou isso”, tente “meu TOC está dizendo isso”. Separar o transtorno de quem você é reduz culpa e abre espaço para escolher respostas diferentes.
Parar de alimentar o ciclo de garantia
Reduza, com gentileza, a busca por certeza absoluta. A dúvida é o combustível do TOC. Tolerar um pouco de incerteza é habilidade treinável.
Aproximação gradual com apoio
Terapia com exposição e prevenção de resposta (EPR) ensina o cérebro a não usar ritual quando a ansiedade aparece. É desconfortável no começo, mas libera a sua vida.
Foco em valores
Liste três valores que importam para você e escolha ações pequenas alinhadas a eles, mesmo com ansiedade presente. Identidade se fortalece em comportamento, não em certeza perfeita.
Cuidado com o corpo
Sono mais regular, alimentação simples, movimento leve e menos tela à noite. Quando o corpo regula, a cabeça tem mais espaço para flexibilizar.
Linguagem interna mais humana
Troque “se eu pensei, então sou” por “pensamentos são eventos mentais, não convites para ação”. Fale com você como falaria com alguém que ama.
Quando buscar ajuda
Se os rituais e as checagens ocupam tempo, trazem sofrimento e atrapalham sua rotina, é hora de avaliar. Psicoterapia específica para TOC e, quando indicado, medicação, costumam trazer bons resultados. Em situações de crise ou pensamentos de morte, procure ajuda imediata: no Brasil, CVV 188 (24h) e, em urgência, SAMU 192 ou pronto atendimento.
Eu atendo em Cuiabá e online. Se você se reconheceu aqui, podemos conversar com calma, organizar um plano possível e devolver espaço para que você se veja de forma mais verdadeira do que o TOC tenta contar. Você não é seus pensamentos. Você é o que escolhe fazer com eles.
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👩⚕️ Drª Luciana Rocha | Médica Psiquiatra | CRM MT 8537 | RQE 5413
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