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Epigenética dos Traumas

  • Foto do escritor: Luciana Rocha
    Luciana Rocha
  • 7 de out.
  • 3 min de leitura
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Quero te convidar a imaginar o DNA como uma biblioteca. Os livros estão lá, organizados. A Epigenética é o conjunto de marcações que dizem quais livros ficam abertos e quais permanecem fechados em determinados momentos. Traumas e estresses repetidos não rasgam páginas. Eles podem colocar marcadores nesses livros, deixando alguns conteúdos mais acessíveis e outros menos.


O resultado aparece nas respostas do corpo. Sono leve demais. Alerta constante. Digestão travada. Humor que despenca sem aviso. Não é fraqueza. É como seu organismo aprendeu a te proteger.


Quando falo em trauma, não estou falando apenas de grandes tragédias. Falo de repetições. Descuido emocional crônico. Violência verbal. Humilhação. Racismo. Bullying. Falta de previsibilidade. Situações que ultrapassam a nossa capacidade de dar conta e fazem o corpo aprender que viver é perigoso. A Epigenética ajuda a explicar por que, em algumas pessoas, o botão do alerta fica mais fácil de ligar e mais difícil de desligar.

Isso tem a ver com química do estresse.


Diante de ameaça, o corpo libera hormônios para reagir. Se isso acontece de maneira intensa e por muito tempo, o sistema nervoso pode se reorganizar para operar no modo sobrevivência. As marcações Epigenética funcionam como post-its que dizem ao corpo para responder rápido e forte. Útil quando o perigo é real. Exaustivo quando o perigo já passou, mas a marca ficou.


E as famílias. Muitas vezes, o que chamamos de “padrão de família” também é o aprendizado silencioso de várias gerações. Não é destino. É contexto. Um ambiente de cuidado, segurança e vínculo pode “descolar” esses post-its ao longo do tempo. A boa notícia é que essas marcações são, em parte, ajustáveis. O que vivemos hoje conversa com o que o corpo expressa amanhã.


O que ajuda na prática. Eu não vou te pedir coisas impossíveis. Vou propor caminhos possíveis e consistentes.

Rotina mínima de segurança. Defina horários aproximados para dormir, acordar e se alimentar. O corpo ama previsibilidade. Pequenas rotinas ensinam ao sistema nervoso que o mundo é mais confiável do que parece.


Respiração e aterramento. Dois a cinco minutos por dia já mudam o tônus do sistema nervoso. Inspire pelo nariz contando quatro. Segure dois. Expire contando seis. Observe três coisas que você vê, duas que você toca, uma que você ouve. É simples. Funciona.

Movimento gentil. Caminhada leve. Alongamento. Dança lenta na sala. O objetivo não é performance. É dizer ao corpo que ele pode se mover mesmo sem perigo.


Sono protegido. Reduza telas uma hora antes de dormir. Quarto escuro e fresco. Pequenos rituais de desaceleração. O sono é um remendo fino nas respostas de estresse.

Relações seguras. Conversas em que você é ouvida sem ser corrigida. Olhar nos olhos. Toque seguro. Presença. Vínculo consistente é uma terapia silenciosa que muda marcações ao longo do tempo.


Psicoterapia. É o espaço para reorganizar narrativas, encerrar ciclos e praticar novas respostas. Para muitas pessoas, é o ponto de virada entre viver em alerta e viver em presença.

Medicação quando indicada. Em alguns casos, a medicação cria uma janela de tolerância para que a terapia e os hábitos façam efeito. Não apaga quem você é. Reduz o barulho do alarme enquanto você reconstrói o terreno.


Para quem está gestando ou pensando em gestar. Cuidar de você agora importa. Rotina de sono, alimentação, apoio emocional e acompanhamento profissional reduzem o clima de ameaça interna e ajudam o corpo a sinalizar segurança. É assim que quebramos heranças de hiperalerta.

Mitos que atrapalham. Trauma não é frescura. Também não é sentença. Epigenética não é carimbo eterno. É resposta plástica, que conversa com o ambiente. Não precisa de força hercúlea para mudar tudo de uma vez. Precisa de constância em pequenas escolhas que repetem segurança.


Um auto check-in simples. Como está meu corpo agora. O que eu preciso neste momento. O que é possível hoje sem me violentar. Se você vive em alerta há anos, talvez precise de companhia profissional para sair desse lugar. Não porque você não consegue sozinha, mas porque ninguém cura um corpo que aprendeu a sobreviver, vivendo sozinho no modo sobrevivência.



Atendo presencialmente em Cuiabá e online em todo o Brasil. Se este tema ressoou, me escreva. Podemos construir juntas um plano que respeite sua história e ensine seu corpo a desaprender o excesso de alerta. A meta não é apagar o passado. É fazer as pazes com o presente e criar futuro com mais leveza.


📍Cuiabá-MT & Online para todo Brasil

👩‍⚕️ Drª Luciana Rocha | Médica Psiquiatra | CRM MT 8537 | RQE 5413

🧠 Sua saúde mental importa!

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